Papiro de Ani
Explicar o porquê de eu estar escrevendo esse "post" é fundamental. Eu me interessei pelo Espiritismo sob o enfoque dos ensinamentos de Kardec (Creio que não se deve enveredar por essa doutrina sem antes estudar atentamente o pentateuco espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro do Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese). E me perguntei: Kardec foi o primeiro a codificar a doutrina trazida pelos Espíritos até nós, mas, antes desse fato, os espíritos já não estariam mandando mensagens sobre a vida após a morte para a humanidade de uma maneira similar à encontrada na doutrina espírita? Começei a pesquisar e o que descobri foi que Deus sempre mandou mensagens sobre "a verdade espiritual" aos homens e estes, ao recebê-la, a deturparam e corromperam, mas a mensagem na sua essência permaneceu pura, límpida, para aqueles que sabem buscar... "Buscai e achareis".(2)
Vamos pensar sobre o enunciado escrito na tumba do escriba Anis... No trecho transcrito no início do post , traduzido dos hierógrifos, estão muitos princípios espíritas que podermos encontrar hoje nos "Livro dos Espíritos" (3) e que eram tesouros imateriais recebidos apenas pelos antigos inciados nos MISTÉRIOS EGIPCIOS.. Eis o que ele nos trás:
1) A pré existência da alma.
2) A afirmação positiva sobre as
encarnações.
3) O comentário sobre o Ka, que é chamado
de duplo.(Não vamos confundir com o duplo etéreo, tá?) Ka seria a capacidade do espírito de manter
sua consciência após a morte. Seria as características individuais, o ego.
Também era chamado de “duplo” pelos egípcios porque o Ka simbolizava o embate
entre o “eu” verdadeiro e o falso
que aquele que é influenciado pelo mundo
material.
Um ponto interessante a realçar sobre o
Ka:O self falso,chamado pelos antigos egípcios de Dezgreg, é aquele que se
deixa levar pelas ilusões materiais do mundo . O eu verdadeiro, chamado de
Dezmaa, é de natureza espiritual, e vem como intuição das vidas passadas!
Não
é assim que os diversos livros espíritas
nos mostram a realidade do espírito encarnado? O espírito reencarna com as boas
intuições do que deve fazer, orientado pela sua consciência, o “eu” verdadeiro
herdado das vidas passadas, enquanto o mundo material tenta iludir o “falso
eu”, que é aquele que vive o aqui e o
agora sem idéia de futuro ou passado.
Segundo
os antigos egípcios, antes que os seres humanos pudessem alcançar a graça
suprema do Céu, deveriam superar todos os estágios intermediários em suas
próprias consciências.
Se,
durante a vida, o falecido tivesse sucesso na identificação de si mesmo e de seus
órgãos com as leis da natureza, as
demais encarnações se tornariam desnecessárias
e ele se uniria às leis e se libertaria do “mundo das aparências”. Se o
falecido não tivessse percepção do seu
Ka (alma consciente),continuaria retornando a Terra outras vezes.
Segundo Dr. Ramses Seleem, em seu “O Livro
dos Mortos do Antigo Egito” (4) o Ka, ou natureza
interna de cada pessoa,era único. Esse Ka não era mau intrinsecamente, ainda
que tivesse herdado más qualidades de
vidas passadas, pois o estado da vida atual era sempre neutro. A alma,segundo
as crenças egípcias, passava por um rio de esquecimento para nascer inocente.
No
Egito antigo, todas as crianças que completassem cinco anos eram testadas no templo para conduzirem seus destinos de acordo com as
tendências naturais herdadas pela alma; para levar uma vida de acordo com o seu
Ka.
Mais de uma vez, vemos no Papiro de Ani o ensinamento cristalino da reencanação. Eis um trecho da tradução:
1) “...vivem inúmeras vidas em
diferentes lugares, mas nem sempre neste mesmo mundo e, em meio a cada vida, há
um véu de sombras...”
Aqui
temos o ensinamento de que o Espírito vive não somente várias vezes, em
diversos lugares da Terra, mas também em diferentes mundos. E a analogia de
idéias nos leva de encontro ao Livro dos Espíritos, nos ensinando que há muitos
mundos no Universo... (Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em
mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo
teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e
que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de
que onde eu estiver, também vós aí estejais) (5)
Nesse trecho do papiro, também encontramos a
idéia da erraticidade da alma, quando ele
afirma que entre a uma vida e outra há um véu de sombras. A palavra
sombras, no texto, não assume um sentido de “trevas”, mas sim, do que ainda não
nos é revelado abertamente.
5)“...Mesmo
que não seja assim, todas essas faces são apenas faces de Deus...”
As
faces de deus seriam as leis naturais e os fragmentos da “Verdade universal”
que o homem busca encontrar. Mas o texto fala de um único deus com suas leis, e
não de vários deuses.
Um
ponto fundamental a esclarecer: a
essência da religião egípcia não era politeísta.
Abusos e deturpações da religiosidade
aconteceram, é evidente, como acontecem em todas as religiões. Cito como
exemplo dessas deturpações o desagrado
dos sacerdotes quando Amenófis IV( 5), o faraó, voltando à essência da religião egípcia, implantou a adoração
única de Aton... Para Amenófis,que depois se intitulou Akhenaton
(aquele que adora Aton), deus era um princípio divino invisível, intangível e
onipresente, porque nada pode existir sem ele.
Akhenaton
Aton tinha
a possibilidade de revelar o que estava oculto, sendo o núcleo da força
criadora que se manifestava sob inúmeras formas, iluminando ao mesmo tempo o
mundo dos vivos e dos mortos e, portanto, iluminando o espírito humano. Por
isso, era a sua representação, o disco
solar, sem rosto, mas que a
todos ilumina.
A tradução de Aton Ra seria
Deus,principio de toda a luz.. Ele existia antes de qualquer tempo ou espaço.
Vejam o que o “Livro dos Mortos “ diz
sobre Deus:
“ Nenhum de seus pensamentos pode
conceber Deus,nenhuma linguagem pode defini-lo. O que é incorpóreo, sem forma,
invisível e não pode ser apreendido pelos nossos sentidos;O que é eterno não
pode ser mensurado pelos critérios limitados do tempo. Deus é inefável.”
Assim, no topo da espiritualidade egípcia
havia um deus único, com qualidades análogas às que “O Livro dos Espíritos” nos
ensina.
Logicamente, essa
visão abrangente e evoluída de Deus era dada
prioritariamente aos “iniciados”. Como diz o Papiro de Ani, era dado
àqueles que tinham o “conhecimento”.
A mitologia continha parábolas espirituais
e os deuses representavam facetas das
leis naturais, chamadas de Paut. O Paut seriam as principais leis da natureza
que funcionam na psiquê humana.
Todavia, para o
povo; para os homens simples que tinham uma visão cósmica embrionária, os mitos
perdiam sua função alegórica para
assumirem uma interpretação literal. Os
símbolos que personificavam as leis naturais passavam a ser vistos como
divindades autônomas. Essa visão era
incentivada pelos sacerdotes que
disputavam prestígios para sua cidade e “divindades”, daí, a imensa oposição
deles quando Amenófis IV instituiu a adoração de Aton, o deus único, como sendo a única permitida abertamente.
Em “Evolução
em Dois Mundos”(6),no
capítulo “Corpo Espiritual e Religiões”,
o espírito de André Luis, psicografado por Chico Xavier, dá importante destaque
a espiritualidade egípcia, quando afirma:
“Dentre
todos, desempenha o Egito missão especial, organizando escolas de
iniciação mais profunda.
Em
obediência aos requisitos da crença popular, herdeira intransigente das
fixações mitológicas, mantém o sacerdócio cultos diversos a deuses vários, nas
manifestações exotéricas dos templos
descerrados ao povo.
O lar e a escola, a agricultura e o comércio,
as indústrias e as artes possuem gênios
especiais que os presidem, em nome da convicção vulgar, mas, na
intimidade do Santuário, o monoteísmo dirige a implantação da fé.
A
Unidade de Deus é o alicerce de toda a religião egipciana, em sua feição
superior.”
Kardec nos dá ( Capítulo I “ As Causas
Primárias” do Livro dos Espíritos) os atributos de deus: deus é eterno,
imutável,imaterial,único,soberanamente justo e bom.
Para os egípcios antigos, o supremo
deus era incorpóreo, invisível, eterno,inefável.Ele não podia ser medido pelas
regras temporais. Como se pode ver,esse deus
nada tem da visão politeísta e selvagem que os ocidentais têm da
religião egípcia. A este poder Supremo, que criou o céu, a terra, os animais e
tudo o que existe e existirá, deram o nome de Emen Ra (luz oculta), Atum-Ra (a
fonte e o fim de toda a luz) ou Eaau, poder que foi polarizado e expandido
criando o Universo.
Os inumeráveis deuses do Egito antigo
são apenas diferentes aspectos e atributos desse Deus único.
Os egiptólogos se equivocaram ao
traduzir, nos hierógrifos, palavras Nefer e Nefrit como deus e deusa. Nefer é
lei natural, masculina. Nefrit é lei natural, feminina. Seria leis naturais
polarizadas da natureza, como é,na visão oriental, o Yin e Yang. Dessa tradução
errônea nasceu o conceito deturpado sobre a visão cósmica da religião egípcia.
E de Rougé escreveu o seguinte em um
artigo da Revue Archéologique, em 1860,pág 73:( 7)
“ A unidade de um ser supremo e auto
existente, sua eternidade, sua onipotência e eterna reprodução como deus; a
atribuição da criação e de todos os seres vivos ao Deus Supremo;a imortalidade
da alma, integrada pelo dogma das punições e recompensas, tal é a sublime e
persistente base sobre a qual, apesar de
todas as variações e embelezamento mitológicos, estão protegidas as crenças dos
antigos egípcios o que a coloca no mais honorável e destacado lugar dentre as
religiões da antiguidade.”
Corroborando com a idéia com o autor
do trecho acima, temos a espiritualidade Egípcia espraiando seus ensinamentos
como embriões da moralidade judaico-cristã.
Como exemplo desse fato, temos as
Quarenta e Duas Confissões Negativas do
Papiro da Real Mãe Nezemt.(Coloquei
a oração-confissão completa no final desse post, é linda, não deixem de ver...)
Como bem salientou o Dr. Ramses Saleem em seu livro,essas confissões são
precursoras dos Dez Mandamentos divulgados por Moises que foi um iniciado nos
Mistérios Egípcios. A diferença é que, enquanto as Confissões assume a
conotação de uma moralidade pessoal, os Dez Mandamentos foi generalizado para
todo um povo, e posteriormente para toda a humanidade. Mas a semelhança entre
eles é surpreendente. (Coloquei as Confissões da Real Mãe Nezemt, Prancha
5, como anexo no final desse tratalho,
para quem quiser compará-las às tábuas mosaicas.).
Embora Rougè tenha citado “punições e
recompensas”, os egípcios viam essas punições e recompensas como algo aceito
conscientemente, e não imposto,pois, na crença egípcia,quando o falecido
chegava no dia do julgamento onde os atos de sua vida seriam pesados na balança
de Maat (Justiça) ele próprio decidiria que tipo de vida iria levar na próxima
encarnação. Os espíritas e reencarnacionistas em geral também pensam assim.O
Espírito, pelo seu livre-arbítrio, era seu próprio juiz, carrasco e executor!
Impressionante, não é mesmo? Não vemos nos
livros de André Luiz o arrependimento e a vontade de se redimir como sendo
quesitos básicos para a alma na erraticidade ter uma nova oportunidade nos
elos encarnatórios? É pelo
uso do livre arbítrio que as almas percorrem o seu ciclo espiritual
evolutivo!
Para me aprofundar um pouco mais na
espiritualidade dos antigos buscando um paralelo espiritual com a doutrina
codificada por Kardec, busquei o livro do Dr,Ramsés Saleem que traduziu o
“Livro dos Mortos” e o comentou sabiamente.
“O Livro dos Mortos”, também conhecido
como sendo “ O Livro para sair a Luz” descreve o futuro da alma no mundo
intermediário após a morte. Esse mundo era conhecido como Dwat e tinha um conceito para os antigos egípcios muito
próximo ao “Umbral” dos Espíritas. A alma,segundo os escritos, viajava do reino
da Terra (Ta) para o reino inferior (Dwat) e finalmente para os reinos
espirituais de Nut (Céu), fosse para
renascer ou para unir-se com as almas perfeitas que não mais estavam sujeitas
às leis da reencarnação.
Esses textos ,segundo a crença da
mitologia egípcia, teria sido escrito há 50 mil anos por Tehuri, símbolo do
Verbo Divino e da Suprema Inteligência. Segundo
o Dr. Saleem, “O Livro dos Mortos” é o único registro vivo de um
mistério duplo: o mistério da vida e o mistério da morte. Explica a vida em sua
continuidade e a condição da alma tanto nessa vida como no Dwat. (Umbral). A
salvação egípcia era baseada na sinceridade e no comportamento da pessoa durante
a vida.
Um outro ponto fundamental ao entendimento
do nosso estudo: os egípcios não acreditavam nas ressurreição dos
corpos mumificados. A mumificação era um reconhecimento da família aos esforços
que o morto havia feito durante a vida para conseguir a eternidade de sua alma.
Segundo eles, a alma viajava no reino
de Ta (a Terra) para aperfeiçoar-se, renascendo,ou para, após a morte, unir-se
–as almas perfeitas, a quem nós,
espíritas, chamamos de “espíritos puros”.
Nessa viagem sobre a Terra, todos
nasciam com diferentes quantias de desenvolvimento espiritual, conforme os
esforços realizados em vidas passadas.
Não é notável e surpreendente as semelhanças com nossa doutrina? Parecem
notas de uma mesma melodia tocadas com arranjos diferentes, condizentes à
cada época da evolução histórica.
Um outro ponto fascinante se nota
quando analisamos a escala espírita e a escala egípcia para as almas.
Segundo Kardec, os espíritos admitem,
geralmente, três principais categorias ou três grandes divisões
classificatórias na espiritualidade. Na base da escala estão os espíritos
imperfeitos,caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e
pela propensão ao mal. Os da segunda classe têm a predominância do espírito
sobre a matéria e pelo desejo de praticar o bem:são os espíritos bons.O topo da
escala compreende os espíritos puros,os que atingiram o supremo grau de
perfeição (Livro dos Espíritos, Livro segundo,capítulo 1, pag81, versão de
bolso). Essas três divisões principais
têm sub divisões, como os espíritos levianos, pseudo-sábios,neutros ou pertubadores dentro da classe de espíritos
imperfeitos.
Temos numa visão ascendente os
espíritos benévolos, sábios, prudentes e superiores dentro da
classificação dos bons espíritos e por
último, no mais alto grau da hierarquia espírita, os espíritos puros.
Notem que interessante: para os
egípcios, havia de acordo com o Ka
pessoal, sete classes de almas: A classe mais baixa era a dos humanos
demoníacos, como os assassinos seriais, os estupradores e os demais que viviam pela Lei da Força. A segunda classe
era composta pelos humanos menores que viviam segundo as leis sociais,
trapaceando, mentindo, fofocando e ferindo outras pessoas sem motivo. Estou
aqui assumindo a conotação de alma tanto encarnada como desencarnada. Note que
nessas duas classificações poderiam estar os espíritos da terceira e
última escala geral do Espiritismo.
A outra classe era a dos humanos
bondosos que viviam de acordo com a Lei da Justiça e empenhavam seus esforços
para viverem de maneira correta; era a classe das pessoas responsáveis pelo
avanço de qualquer nação (se encarnadas) ou de qualquer comunidade espiritual
(se desencarnadas). A próxima classe eram os mestres, que viviam pela Lei do
Amor.A quinta classe eram os que viviam não somente pela Lei do Amor mas também
pela Lei da Virtude. A sexta classe, os imortais, eram governados diretamente
por Deus e a lei da morte não mais se aplicavam a eles. A sétima classe, os
habitantes do reino dos Céus, também eram diretamente governados por Deus e
viviam na Via Láctea.
Classificação
dos espíritos encarnados e desencarnados
|
Visão
espírita
|
Visão
da espiritualidade egípcia
|
Impuros
|
Demoníacos
|
Levianos
|
Humanos
menores
|
Pseudo-sábios
|
Humanos
menores
|
Neutros
|
Humanos
menores
|
Batedores
e pertubadores
|
Humanos
menores
|
benévolos
|
Humanos
bondosos
|
Sábios
|
Humanos
bondosos
|
Prudentes
|
Os
mestres
|
Superiores
|
Os
imortais
|
Puros
|
Os
habitantes do reino dos céus
|
Origem e destino dos Espíritos:
Os egípcios acreditavam que as almas habitavam outros mundos físicos
e espirituais, e não somente a Terra, tal qual os espíritas acreditam hoje.
Eles afirmavam que os espíritos que
causavam a destruição dos pecados
existiam na Constelação da Ursa Menor e são refletidos na Terra pela lei da
Harmonia.
Para eles, os espíritos superiores
estariam na constelações de Orion, Touro e Leão. A alma do falecido viajaria,
se fosse pura o suficiente, para Sirius, (na constelação de Orion) acompanhada das crianças de Heru (centros
energéticos vitais que explico a seguir). Depois, se tivesse tal merecimento,
iria em direção norte para a constelação da Ursa Maior.
Fascinante notar que, para os
espíritas a origem e destino das almas
também estão igualmente nas estrelas,
inclusive em locais espirituais idênticos. (Só nos resta compreender o quanto
esses “locais celestes” são físicos,
vibratórios ou, simplesmente, dimensões
que estão fora dos conceitos
terrestres de espaço e tempo.)
A referência aos “anjos caídos” em nossa
Bíblia seria uma alegoria para explicar
o exílio de espíritos superiores, vindos da estrela do Cocheiro (Capela) , para
a Terra, em tempos remotíssimos. (Vejam os livros Exilados da Capela de Edgard
Armond) (8)
E o
livro “O Universo e Vida”, ditado pelo espírito Áureo, afirma: (9)
“Quando Sirius, da Constelação do
Grande Cão, atingiu a posição de sistema de orbes regenerado, muitos espíritos
orgulhosos e rebeldes que lá habitavam foram transferidos para Capela, da
Constelação do Cocheiro que era, na ocasião, um sistema de mundo de provas e
expiações.”
O espírito de Emmanuel, auxiliado pela
mediunidade de Chico Xavier, também dá o seu testemunho sobre o exílio das
almas imperfeitas de Capela para a Terra:
“Aqueles seres angustiados e aflitos,
que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante seus corações
empedernidos na prática do mal, seriam andariam desprezados na noite dos
milênios de saudade e de amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e
primitivas, a lembrarem o Paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos
séculos não veriam a luz suave de Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados
por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.”
(10)
Acredito que seja mais do que
coincidência as semelhanças impressionantes! Houve, segundo os espíritas, um
exílio de Sirius para Capela e, posteriormente, quando esta se tornou orbe purificada, houve um exílio de Capela para a
Terra! Segundo os egípcios, era
justamente em Sirius que os espíritos superiores se estabeleciam, escapando dos
ciclos encarnatórios!
Logo, tantos eles, os antigos
iniciados, como os espíritas têm a
crença no mesmo destino celeste para as
almas purificadas!
Vejam,neste mapa abaixo como as duas estrelas,
Capela e Sirius, estão em constelações relativamente próximas:
O jeito mais fácil de encontrar Cocheiro
(Capela) é justamente localizar Orion, a constelação em que os Egípcios diziam
estar os espíritos superiores. Touro é para a direita (Oeste) e, por cima
desses dois, muito mais alto no céu, consegue-se ver Capela.
As constelações de Auriga (onde está
Capela) , e depois de Orion ( onde está Sirius), seriam o destino da humanidade purificada...
Obs: Depois de algum tempo que havia
feito esse estudo, encontrei uma explicação de Emanuel condizendo com a minha
tese de que os espíritos superiores dos egípicios iriam para Orion e para
Capela. Transcrevo abaixo o trecho:
Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltam ao
plano espiritual, no curso incessante dos séculos. Com o seu regresso aos
mundos ditosos da Capela, vão desaparecendo os conhecimentos sagrados dos
templos tebanos, que, por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de
Mênfis. Aos mistérios de Ísis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis,
naturalmente transformados nas iniciações da Grécia antiga.
Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos espirituais, os
antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo,
seu patrono e salvador. A maioria regressa, então, ao sistema de Capela,
onde os corações se reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais
santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e
abnegados, conservaram-se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados
imperativos do sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes têm
reencarnado na Terra, para desempenho de generosas e abençoadas missões.
(11)
Em um próximo Post escreverei sobre OS MISTÉRIOS DE ELÊUSIS...
O conceito de espírito abordado na espiritualide Egípcia e na Doutrina Espírita:Um paralelo.
Um outro ponto interessantíssimo para
ressaltarmos, é a conceituação do espírito na visão egípcia: segundo ela, a
alma do falecido desencarnava acompanhada pelas “crianças de Heru”. Essas
“crianças” seriam os campos energéticos do estômago, fígado, pulmões e
intestinos. Elas são companheiras da alma do falecido e formam o Eb (coração
espiritual), o Ka (corpo de desejo) e o Kha (espírito)
Essas crianças de Heru eram também chamadas de “quatro filhos da luz”.
Tais órgãos eram representação de algo que ia além do conceito de partículas
químicas e matéria.
Para os egípcios, todas as ações de um
indivíduo refletiam-se emocionalmente
através de um dos centros de força desses pontos, os “filhos de Heru”. Esses
“centros de força” dominados por sentimentos inferiores, mostravam que o
falecido não conseguiria reunir, após a
morte, o corpo astral com suas faculdades espirituais para conseguir permanecer
na vida eterna, estando, sujeito,portanto, à
necessidade de reencarnação futura.
Eis, em linhas gerais, o que era ensinado: sem o controle dos instintos inferiores
(emotividade e impulsos carnais) a alma
do falecido não tinha condições de permanecer na espiritualidade por não ter se
libertado das impressões do mundo material.
A doutrina
espiritual egípcia dizia que a
constituição humana era composta de nove
corpos. Na verdade, esse número “nove”
era simbólico. Não expressava
nove corpos reais, mas sim, as funções e características do corpo
espiritual. Fascinante notar que muitas dessas características é hoje ensinada
pelos espíritas dentro do conceito de corpo, perispírito, mente consciente,
campos energéticos, centros de força e
espírito.
Vejam a análise de
cada um desses nove corpos, sob o conceito da espiritualidade egípcia, e, logo
a seguir, sob o enfoque do Espiritismo:
1) Khu:
espírito universal de deu que dá vida a tudo no universo e existe em cada
átomo.
Seria,para os seguidores de Kardec, a
força gravitacional molecular que impera em todos os corpos vivos.
2) Ba:
alma humana que reside na medula dos ossos e dá a vida.
Seria, para os espíritas, o principio
da animação da matéria.
3) Ka
é a maneira de pensar, o ego.
Seria, para a doutrina espírita, o
espírito consciente.
4) Saah:
O corpo que transmite força, vitalidade, qualidades genéticas e proteção.
Para os espíritas, seria o centro de
força Genésico.
5) Kihibit:
corpo astral, também conhecido como corpo de luz ou corpo do plano, uma vez que
pode adquirir a mesma forma de cada ser humano em que está localizado. Segundo
os egípcios, esse corpo era o responsável pela habilidade do indivíduo
aprender sobre os diferentes reinos de
existência.
Impressionante aqui a descrição exata
que, nós, os espíritas, damos ao Perispírito!
6) Sekhen:
é o corpo eletromagnético que circula dentro e fora do corpo físico, trazendo correntes de
energia para nutrir a alma humana. Segundo os antigos egípcios, esse “corpo”
era o responsável pelo processo de cura de uma doença.
7) Nesse trecho, descobrimos que já os antigos egípcios associavam o
magnetismo à cura, exatamente como os
espíritas fazem hoje, usando passes e águas fluidificadas.
Os médicos do antigo Egito (pasmem!) eram
chamados de “Sacerdotes de Sekhen!”
7) Eb: o “corpo”
que se situava na área entre o coração e o plexo solar, responsável pela
emotividade.
Seria, para os
espíritas, o centro de força cardíaco.
8) Ren: é o “corpo”
do “som” dos órgãos internos.
Seria, para nós, espíritas, o conjunto de vibrações energéticas
harmonizando todo o organismo.
9) Khat: o corpo
físico. Para os espíritas, exatamente é o mesmo conceito. O corpo carnal.
Gostaria, nesse momento, de deixar para você que teve o carinho e a paciência de ler o post até aqui, de expressar uma idéia singela, mas que é
verdadeira bússola,i mprescindível
aos que desejam encontrar o “Caminho”,
fugindo das mistificações "baratas" e da maldade:
Deus sempre irradiou aos homens a “Verdade”, porém, cabe a nós, operários da
evolução espiritual, continuar a trilhar esse caminho com estoicismo,
desbravando os corações humanos com
amor, perseverança e laborioso trabalho.
Para finalizar o post deixo as confissões da Mãe Real, um verdadeiro show de consciência ecológica e de cidadania, um grande exemplo para os nossos dias! Percebam a elevada qualidade moral implícita nas negações, moral essa que serve de parâmetro para um perfeito equilíbrio emocional do indivíduo, para a sua relação com o seu próximo, com os animais,com sua cidade e com todo o meio ambiente!
“ A vitoriosa mãe real, Nezemt, que é unida a Osíris, diz:
1)Salve, Usekht, que vem de Eunu
Eu não cometi pecados
2) Salve, Oenshest, que vem de Kher-Ahau
Eu não assaltei
3)Salve, Eri-Tehury, que vem da cidade dos Oitos (Hermópolis)
Eu não roubei
4) Salve, Hega-Khibit, que vem de Ra-Stet
Eu não agi com violência
5)Salve, Há-Hera, que vem de Ra-Stet
Eu não matei seres humanos.
6)Salve, Rulty, que vem do céu
Eu não roubei oferendas.
7)Salve, Maat-Fy-M-Seshet, que vem de Sekhem
Eu não causei destruição.
8)Salve, Nebew, que vem de Khetkhet,
Eu não pilhei a divina propriedade do templo.
9) Salve, Sedqeset, que vem de Hetsuten-Khenen
Eu não cometi falsidade.
10)Salve, Uadtu-Nesert, que vem de Het-Ka-Ptah
Eu não saqueei grãos.
2) Salve, Qerty, que vem de Ementet,
Eu não amaldiçoei.
12)Salve, Hed-Ebhu, que vem de Ta-She.
Eu não transgredi.
13)Salve, Emy-Senty,que vem do matadouro,
Eu nãoabati o rebanho divino do templo.
14)Salve, Emy-Besk, que vem de Maab,
Eu não fiz o mal.
15) Salve, Nebt Maat, que vem de Maaty,
Eu não saqueei a terra cultivada.
16) Salve, Temmy, que vem de Best,
Eu não agi com luxúria.
17) Salve, Nadiu, que vem de Eunu,
Eu não amaldiçoei ninguém.
18)Salve, Nedty, que vem de Aty,
Eu não fiquei irada sem causa justa.
19) Salve, Oammty, que vem de Khebt,
Eu não dormi com o marido de nenhuma mulher.
20) Salve, Maa-Em-Af, que vem de Per-Emsu,
Eu não polui a mim mesma.
21) Salve, Her-Peru, que vem de Amu,
Eu não aterrorizei nenhum homem.
22) Salve, Sckhemwet, que vem de Kheru,
“Eu não pilhei”.
23)Salve, Shedu-Kheru,que vem de Uri,
Eu não agi com raiva.
24)Salve, Nekheru, que vem de Uasty,
Eu não me fiz de surda ao ouvir as palavras da justiça e da verdade.
25)Salve, Sert-Kheru,o que vem de Unes,
Eu não atiçei brigas.
26)Salve, Djety, que vem de Shetawi,
Eu não fiz ninguém chorar.
27)Salve, Her-Fy-M-Há-Tep-Fy-Ert-Fy-Dbw-Tep-F, que vem de Tebhw,
Eu não forniquei.
28)Salve,Tau-Rdy, que vem das Trevas,
Eu não destruí meu coração.
29) Salve, Kenmmty, que vem de Kenmmty,
Eu não amaldiçoei ninguém.
30)Salve, Em-Hetepu, que vem de Zsau,
Eu não exagerei.
31)Salve, Nebt-Heri,que vem de Nedtw,
Eu não realizei julgamentos precipitados.
32)Salve, Sedhui, que vem de Wdez,
Eu não cortei a pele e pelos de animais sagrados.
33)Salve, Nebt-Abuy, que vem de Zsalty,
Eu não elevei minha voz em conversas.
34)Salve, Nefer-Tumm,que vem de Het-Ka-Ptah,
Eu não cometi pecados e não procedi mal.
35)Salve, Tum-Septy, que vem de Djedu,
Eu não amaldiçoei a realeza.
36)Salve, Erw-M-Eb-F, que vem de Tebuty,
Eu não desperdicei água.
37) Salve, Hed Rexty, que vem de Zsat,
Eu não amaldiçoei divindades.
39)Salve, Nehebt-Nefert, que vem de sua caverna,
Eu não agi com falso orgulho.
40)Salve, Nehebt-Ka,que vem de sua caverna,
Eu não agi com desdém.
41)Salve, Tseru-Tep, que vem de seu santuário,
Eu não aumentei minhas riquezas exceto por meio de meus próprios recursos.
42)Salve,Ena-F que vem de longe...
Eu não desprezei o princípio de minha cidade.
Citações, comentários e bibliografias:
1)O
papiro de Ani foi encontrado em Tebas. Não há data nele, mas os pesquisadores
acreditam que seja do período que compreende
1200-1500 ªC. O papiro foi comprado pelo museu britânico em 1888.
2)
“Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate,
abrir-se-lhe-á.” Mateus, Capítulo VII, Vv 8.
3)
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução de J Herculado Pires, edição de
bolso,7ª edição,2003.
4)
” O Livro dos Mortos do Antigo Egito”, Dr Ramses Seleem, editora Madras, 2005.
Aqui eu encontrei os pontos principais desse estudo. Aconselho a leitura aos
interessados, para terem uma visão mais abrangente da espiritualidade dos
antigos egípcios..
5)
.S. JOÃO, cap. XIV, vv. 1 a 3.
6)
“Evolução em dois Mundos” Do espírito André Luis, psicografado por Chico
Xavier,12º edição, 1991.
7)E.
de Rougé , Revue Archéologique, 1860.
8)
“Os Exilados de Capela”, Edgard Armond, 30ª edição,1995.
9)
“Universo e Vida”-1ª edição-Hernani T.Santanna-Pelo espírito Áureo-1978.
10) “
A Caminho da Luz”- Francisco Cândido Xavier-ditado pelo espírito Emmanuel,22º
edição, pág 33)
11) “
A Caminho da Luz”- Francisco Cândido Xavier-ditado pelo espírito Emmanuel,22º
edição)