quinta-feira, 19 de novembro de 2015

KABALLAH ESPIRITUALISTA: O PONTO NO CORAÇÃO (PARTE 2)

O rabino Yehuda Leib HaLevi Ashlag (1884-1954) é conhecido como Baal HaSulam (Dono ou Mestre da Escada) pelo seu comentário Sulam (escada) sobre O Livro do Zohar . De acordo com ele, a Kaballah (pronuncia-se cabalá) é  um método empírico científico para descobrirmos a realidade espiritualista,o pensamento da Criação.Ele é  conhecido como o "mestre da escada" porque seus comentários sobre o Zohar,o livro do Esplendor,( um dos livros cabalistas mais antigos de que se tem notícias) seriam uma bússola fidedigna para se evoluir e para aprendermos  como perceber a realidade além do mundo material. Detalhe: a verdadeira kaballah não é religião ou rituais. Não envolve simpatias,água benta,magia ou qualquer outra bobagem dessa natureza. Por dois mil anos foi passada oralmente aos discípulos escolhidos e se manteve restrita à poucos sob o véu  esotérico. Recentemente alguns cabalistas considerados idôneos começaram a divulgá-la por "ter chegado o momento"de toda a humanidade conhecê-la.  Pergunto-me se isso não teria relação direta com a crença quase geral (maias,índios hopes, espíritas, praticantes da "Nova Era"...) de que estamos no final de um ciclo... ou final dos "tempos"...
A Kaballah é sempre apresentada numa linguagem simbólica de um conteúdo riquíssimo. Ela é  chamada a "linguagem da raízes e dos ramos" e se baseia no diagrama da dez sephiroh.


Primeiramente... como estudar a Kaballah?  Dizem os cabalistas  que o mundo material, Malkhut, tem quatro reinos:o inanimado,o vegetal, o animal e o falante. Percebe se  que em definição e conceitos  esses reinos são  análogos aos  apresentados na codificação kardequiana: reinos mineral,vegetal,animal,hominal.
Nós, espíritas, entendemos as Leis Naturais como estímulos para nossa evolução. Os espíritos foram criados "simples e ignorantes" e ganham experiência e atributos incrementais para aumentarem complexidades evolutivas e ascenderem  ao Criador. É uma ascensão de natureza e por semelhança  e não geográfica.Os cabalistas entendem a questão evolutiva de forma análoga: existe, segundo eles,uma realidade que se oculta pela imposição limitadora dos nossos 5 sentidos... Quando atingimos a necessidade de buscarmos o porquê da existência e o real pensamento da Criação, sentimos um novo"estado psicológico ",uma necessidade interior imperiosa de entendermos  o verdadeiro significado da Vida... Metaforicamente, poderíamos usar a lembrança de Sidartha Gautama,o Buda, quando ele abriu mão de sua imensa riqueza e poder e saiu pelo mundo como indigente para tentar compreender a existência da morte,das doenças e da velhice...entender o sofrimento humano,enfim.Também podemos pensar em Percival em sua busca sagrada pelo Santo Graal. Aliás a lembrança do Graal é bem apropriada, pois o cálice ou "vaso" é um símbolo intrinsecamente cabalista e podemos seguramente dizer que a busca pelo "cálice sagrado" é uma jornada interior;um salto qualitativo do espírito.O cálice ou vaso, na kaballah, simboliza o atributo de paulatinamente se "encher" com uma nova qualidade ou percepção.

 Essa necessidade interior da busca pelo sentido da Criação os cabalistas representam por um conceito chamado de "ponto no coração".O ponto  no coração é  o "marco" evolutivo da nossa capacidade de iniciarmos  a "busca" pela espiritualidade ... nosso "sinal" de que ganhamos o "insight", o estado mental e espiritual adequado para,como Percival,iniciarmos nossa jornada espiritualista. Nós espíritas temos esse  "insight" ,despertamos nosso "ponto no coração" quando aceitamos a nossa reforma íntima,sob os ensinamentos do Cristo,  como algo essencial em nossas vidas. 

"Pedi e vos será dado, buscai e encontrareis, bateis e vos será aberto"
Mateus 7:7.

domingo, 25 de outubro de 2015

SONHOS, MUNDO ONÍRICO E PROJEÇÃO ASTRAL

Primeiramente, devemos lembrar que o assunto é fascinante e complexo, mas que deve ser abordado sem dogmas, fanatismos ou preconceitos. Insenção, equilíbrio e amor investigativo  deverão ser os nossos aliados.
Os sonhos têm diferentes caraterísticas e,por isso, diferentes são suas causas e efeitos... Vamos ver quais são esses tipos de sonhos?

1.Manifestação do nosso inconsciente:

São as recordações, desejos e sentimentos reprimidos, manifestação de libido sem a censura do consciente... Em suma,é  uma "limpeza" do nosso "porão mental".
A falta de auto controle se deve ao descanso do consciente adormecido  e por isso, a noção temporal, espacial e lógica ficam comprometidas. É como desfragmentar um "disco rígido " por áreas e não por ordem sequencial.
A nossa consciência nesses sonhos geralmente é fragmentária,sem ordem ou lógica racional,  pois esse tipo de sonho aparenta ser  incongruente ao lembrarmos de seus fragmentos... apenas as  impressões mais fortes permanecem: as que passaram pelo "véu" que fica  entre o inconsciente e o consciente. Não temos,geralmente, percepção nossa como um indivíduo, embora sensações e sentimentos fragmentados possam emergir da nossa memória ao acordarmos.

2.Os sonhos que se repetem continuadamente.

Podem ser de natureza traumática, uma "limpeza" do inconsciente em um nível ainda mais profundo do que o que acontece no item 1 acima analisado. O interessante é que geralmente o "trauma" em questão pode ser:

2.1. Oriundo dessa vida.

2.2. Oriundo de vidas passadas: escapa do véu de esquecimento imposto pela reencarnação. Para você  pesquisar esse tema basta procurar o interessantíssimo assunto sobre "terapia de vidas passadas".

3. Remanescência de vidas passadas:

Fragmentos do inconsciente oriundo de vidas passadas, não obrigatoriamente traumáticos como eram no item 2.2., podem se confundir com lembranças da vida atual, também no inconsciente, sem ordem cronológica ou concensual,gerando ainda mais confusão,pois lembranças dessa vida e da encarnação anterior se mesclam... Um filme que explica bem isso é o "Minha Vida na Outra Vida". Essa "mistura" pode ocorrer no estado de sono ou na vigília.

4.Sonhos como  alertas  fisiológicos: dores e necessidades físicas provocando um alerta para nos despertar.
Ex: Causa fisiológica: vontade de urinar.
       Efeito: sonhamos,por exemplo, que estamos indo ao banheiro.
       Causa fisiológica: cobertor nos esquentado demais.
       Efeito: sonhamos que um monstro está nos jogando ácido, nos debatemos e,assim, nos defendemos do excesso de temperatura corporal.



5.Sonhos Lúcidos: É algo totalmente diferente dos outros tipos de sonhos. Só quem teve sabe bem como é enorme essa dessemelhança. A incoerência não é mais fruto da recordação fragmentária do incoenciente. Pelo contrário. Temos absoluta lembrança de tudo o que aconteceu dentro de um determinado tempo e espaço. O estranho é o espaço. Dizem os especialistas que o sonho lúcido já se encontra no plano astral. Porém, ainda, estamos numa espécie de "bolha" onde a realidade externa vai se plasmando conforme a  projeção da nossa mente, e, justamente por isso, ainda sem muito controle. Alguns estudiosos chamam esse caso de "Projeção Astral em Realidade Virtual!" É um estranho local onde captamos energia que  existe no astral e plasmamos cenários. O que se percebe é que é um mundo surreal, suprareal, mas de modo algum irreal! Ele nos parece ainda mais real do que a própria realidade da qual usufruirmos quando estamos despertos.
Na primeira vez em que temos esse tipo de sonho, a lucidez é tal que assusta! Sabemos quem somos, podemos inclusive nos perceber... geralmente percebemos nossos braços e pernas num períspirito em tom acinzentado (parabéns quem conseguir se ver  feito de luz azul, violeta, verde, dourada ou  rósea logo de cara...kkk eu estava com cor cinza clara no meu primeiro sonho lúcido! )
Tive duas experiências de projeção até o momento, e elas foram bem intensas...
Numa dessas vezes,  percebi meu primeiro “estado vibracional”, um estado vibratório do períspirito que  provocamos, através de movimentação das energias no corpo,  para conseguir três coisas importantíssimas:

A.Realinhar energias dos "centros de forças" (chacras).
B.Evitar ataques de obsessores.
C.Provocar a projeção astral.

Eu estava na minha cama, à noite, praticando o EV (Estado vibracional) para espantar possíveis obsessores, quando, aparentemente, adormeci. E, olha, eu nem estava pensando em tentar projeção astral!  De repente, foi como se eu acordasse com intensas vibrações. A verdade era que meu corpo dormia, mas eu me sentia totalmente consciente, acordada, e capaz de sentir o corpo vibrar da cabeça aos pés intensamente. Estava desperta, totalmente desperta, dentro de um corpo que dormia, muito assustador isso!
Lembro me  que pensei:"é isso, aproveite, você vai conseguir sair, pense numa daquelas técnicas que você leu  sobre projeção... e saia!!!!" Mentalizei  que meus braços podiam se erguer e pegar uma corda imaginária na minha frente e  erguer o corpo para cima... Fiz isso e senti um solavanco forte, intenso, que me jogou para fora da minha cama. Lembro-me que cai ao lado da cama, no chão, perto da vasilha de areia da minha gata, e ainda pensei, "raios"... "só serviu prá eu  levar um tombo"... Só que pasmem... percebi , não com os olhos, o estranho é isso, não precisei levantar nem virar a cabeça para entender que meu corpo estava na cama e que era meu meu perispirito (corpo astral) que havia saído do e caído daquele jeito meio ridículo... ( nada de levitar, como li por aí...pelo jeito... meu corpo astral estava mais denso do que pedra, kkk espero que "melhore" com reforma íntima e treino!)
“Saia, levante, vá para fora do quarto”... Foi só mentalizar isso e mudei de local.(Pensando bem então não era tão denso como acreditei a princípio!). Aí que foi o estranho... Apareci na sala, mas era outra sala, outro local, não o lugar onde eu deveria estar, o apartamento onde moro atualmente. Parecia ser o apartamento  antigo, onde morei por vários anos após meu casamento. Eu explorei Local, andei para um lado e para o outro tentei escrever algo num caderno e fazer contas para ver se eu não estava sonhando... A lucidez era perfeita e a sensação de tempo passando, também...Eu conseguia  fazer contas perfeitamente... Lembro me até das contas!
Mas o ambiente... me pareceu meio esquisito... televisão , móveis, a sacada, porque no meu antigo apartamento não havia sacada... e quando eu tentei abrir a porta para sair dali... encontrei algumas pessoas do lado de fora tentando entrar e falar comigo. Uns pareciam do bem, outros não, pareciam mal encarados e arruaçeiros...  Assustei-me e fechei a porta bem rapidamente, para não falar com ninguém... Esse susto  foi o que me fez sentir um forte impacto e voltar ao corpo. Acordei...Fiquei desanimada. Não era uma projeção, era só um sonho?  mas não podia ser somente um sonho, porque era totalmente diferente dos outros sonhos, a lucidez era fantástica!
No dia seguinte, fui pesquisar  na Internet e descobri que entre os projetistas astrais o sonho lúcido é um estágio de iniciação, uma espécie de  "pré sala" onde o neofíto se costuma e se familiariza com o mundo astral e que, justamente por isso, o sonho lúcido provoca o efeito “Alice no país das maravilhas”... ( quando você plasma coisas com sua mente meio sem controle ainda...)
É como se o mundo dos sonhos fosse real e você pudesse estar lúcido dentro dele, embora sem controlar o que sua mente projeta ou onde você próprio se projeta...Parece coisa de filme mesmo!
Mas, o problema prático de tudo isso é... como provar que não foi tudo  fruto da imaginação inconsciente?  Acho que o estado de vigília em que eu estava,  mesmo com o corpo adormecido,  é o grande diferencial entre o sonho comum e o sonho lúcido, também chamado pelos especialistas de “projeção astral  semi consciente” ...

Aprendi ,por experimentação própria, que há graduações para a emancipação do espírito durante o estado de sono.Então vamos para o item 6!

6. Emancipação do espírito durante o sono:

6.1.Emancipação inconsciente: aí estão a maioria dos que não estudam viagem astral ou o Espiritismo.Podem, por isso, ficar à mercê de espíritos impuros(obsessores ) sem terem como se defender...Meu interesse por projeção astral começou quando eu começei a acordar no meio da madrugada com "terror noturno". Era algo inexplicável, que não acontecia na vigília. Perdurou por vários meses, numa época que eu buscava intensamente uma reforma íntima e a me aproximar dos trabalhos espíritas como voluntária.
Depois de consultar psicólogos e psiquiatras que não me davam nenhuma explicação plausível, intui, hoje tenho absoluta certeza de que foi sob a inspiração dos meus protetores espirituais, que os terrores em estado de sono eram um caso sério de obsessão noturna. Os estados de pânico ocorriam sempre por volta das três horas, quando eu estava inconsciente, e eu acordava muito mal, como se houvesse um rombo no meu estômago... Sob a inspiração dos meus mentores, comecei a alinhar os centros de força (chacras) , principalmente, o chacra básico e o do plexo solar. E a fazer bloqueios energéticos toda a noite antes de adormecer. E o terror foi parando. E parou. Evaporou...
E agora eu me preparo sempre antes de dormir para evitar novos ataques. Funcionou, funciona e funcionará sempre, porque é assim que agem  os espíritos impuros e  se não conhecermos as leis naturais e o que ocorre quando dormimos podemos nos tornar vítimas deles.Não foi à toa que o amoroso mestre Nazareno nos ensinou:"Orai e vigiai"!

“Acontece também que os maus espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar  as almas fracas e pusilânimes..."

                Quetão 402 Livro dos Espíritos

6.2.Emancipação semi consciente: é o sonho lúcido comentado no item 5. Veja que com a minha vontade, eu fechei a "porta astral" e impedi que me alcançassem. Eu podia me defender, reagir e pensar com absoluta precisão.

6.3.Emancipação consciente: Ainda não tenho o preparo, o treino e a maturidade para conseguir uma projeção astral lúcida... Mas deve ser uma experiência fascinante e acho que vale a pena investir nesse aprendizado,pois sabemos que sob a proteção dos bons espíritos poderemos interagir no astral e auxiliar os desencarnados doando energia ou trabalhando com os mentore em resgates pelo Umbral.

7.Sonhos espirituais, premonitórios ou proféticos.

Tema para o próximo "post"! Não percam!


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A ALMA DOS ANIMAIS E VIDA APÓS MORTE DAS ESPÉCIES

 "Os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.

        Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.

        Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de maliar os órgãos do aparelho psicosomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.

        Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se fluam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução."

               Evolução Entre Dois Mundos -Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira- 
André Luiz -Página 87- (Uberaba, 9 de Março de 1958) 










Fascinante como com tão poucas palavras, André Luiz, na psicografia de Chico Xavier e de Waldo Vieira, nos traz uma enorme quantidade de informações que levantam o véu dos mistérios que cercam a questão da alma dos animais...
Para melhor nos aprofundarmos nos riquíssimos detalhes que o trecho acima nos revela, analisaremos cada parágrafo para capturarmos os desdobramentos que essas revelações têm em seu bojo:


"Os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco..."


Francisco de Assis já sabia o que muitos se recusam a enxergar: somos todos irmãos, homens e animais... Os animais são nossos companheiros na jornada evolutiva e vão ter, um dia, o mesmo destino espiritual que nós teremos. Têm um principio inteligente que paulatinamente progride rumo ao pensamento contínuo e à obtenção do "diploma" de espírito. Têm  psiquês, embora ainda embrionárias, que caminham para o reino hominal. As espécies mais evoluídas possuem instintos, sentimentos, memória fragmentada  e inteligência e evoluem gradativamente, por meio de  contínuos estímulos causados pelas sucessivas reencarnações. Irão conquistar a consciência de si próprios!

Um dos momentos mais emocionantes pelo qual passei foi quando minha gata, Isis, morria devido a uma doença fatal, a aids felina. Meu filho, para despedir-se dela, segurou-a no colo com imenso amor e disse em seu ouvido o seguinte:

"Minha linda... Vá tranquila e siga seu caminho... Deus vai permitir  que eu a acompanhe um dia, quando já mais ao longe, no céu, você se estiver se preparando para  voltar e se tornar uma  menininha... Eu estarei lá para guiá-la... Eu prometo!"

Impressionantes a intuição e a fé do meu filho que, sem ter lido os livros espíritas, tinha em seu coração a verdade propagada pelas hostes do Consolador!






"...os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.

        Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência..."



No mesmo livro, Evolução Entre Dois Mundos, André Luiz nos ensina que  o tesouro da consciência nasce pelo pensamento contínuo...



"...O continuísmo da ideia consciente acende a luz da memória sobre o pedestal do automatismo... as ideias relâmpagos ou as ideias fragmentos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias de alentada substância íntima..."



Como se vê, aos poucos, a energia mental agrega em si complexidade e atributos devido aos estímulos das sucessivas encarnações...

Os animais inferiores, ainda em faixas evolutivas primitivas, não possuem pensamento contínuo em um grau que lhes permita manter o perispírito na erraticidade. Por isso, não são capazes ainda de praticarem a histogênese espiritual.

A histogênese é o processo de desligamento do perispírito no momento da morte e a conservação do mesmo no mundo espiritual. É pela histogênese que os orgãos "sutis" vão recompor o perispírito para que este seja o veículo  condutor do espírito que, após a morte, entra em nova dimensão.  



"...Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies(Percebam: há especies que conseguem fazer a histólise espiritual,e, graças a isso, vão poder habitar a erraticidade!)se demoram por tempo curto, incapazes de maliar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente..."



Como foi magistralmente explicado por André Luiz, os animais mais primitivos, após a morte, quando há a separação do corpo e do princípio inteligente, ainda não são capazes de  manter o perispírito e, por isso, ficam pouco tempo na erraticidade. 

Por não terem substância mental consciente, não passam pela metamorfose que lhes daria uma existência extra corpórea. Ainda lhes falta o casulo que lhes permitiria abrir as asas diáfanas da espiritualidade consciente. E,por isso, entram num "torpor", num tipo de "hibernação" e logo são reconduzido à reencarnação para a continuidade da sua evolução rumo à imortalidade.



"...Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se fluam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução..."






Há diversos relatos psicografados sobre cidades espirituais e animais existentes por  lá. São muitos animais, geralmente mamíferos ( gatos, macacos,cães, cavalos...) utilizados como  companheiros para  missões de resgates no "Umbral", como "anjos" que alegram os espíritos do além, exatamente como os animais já fazem aqui na Terra... 

Um aparte:  na  Cabala a palavra "anjo" é usada para designar as criaturas pertencentes ao reino animal...

Logo, podemos deduzir corretamente o seguinte: os animais que já galgaram um pouco mais a escada evolutiva têm a capacidade de se manterem  individualizados na erraticidade. 

Talvez com  doação energética dos espíritos,são eles, os animais, capazes de condensarem e formarem  o perispírito e manterem os centros de força (chakras) no "além", embora saibamos que não têm a mesma complexidade do " psicosoma" dos espíritos  desencarnados.

 Vi outro dia uma interessante reportagem na TV Mundo Maior onde alguns medium já defendem a liberação de passes para os animais doentes... Antes, muitos diziam que o passes não eram adequados para os animais por terem eles uma "energia" muito diferente, da nossa,mas parece que esse conceito está mudando...

Link para a reportagem da TV Mundo Maior:


https://youtu.be/WY3d1nod4pI

Deixo aqui também o link da  palestra da veterinária Irvênia  Prada:

https://youtu.be/54Sf2Qg8CiE


                               Até o próximo "post"! 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS


“Longa foi tua busca
pela adorada Perséfone, tu não quebraste
teu jejum pesaroso, até que longínqua Eleusis
recebeu-te errante”

                                                      Hino de Orpheu.



Umas das crenças antigas mais fascinantes  são  os mistérios elêuticos. Os gregos davam extrema  importância à iniciação nos mistérios e os rituais , ministrados somente aos chamados “iniciados”, se dividiam, de modo geral, em pequenos e grandes mistérios.

O exato teor ritualístico dos mistérios era mantido em segredo, mas sabe-se que os gregos atribuíam grande valor às vantagens da iniciação.

Os “iniciados” eram colocados sob proteção do Estado Grego porque o conhecimento dos Mistérios auxiliava na boa vontade entre os homens e protegia os iniciados contra a decadência moral, fornecendo meios para que os homens alcançassem a virtude perfeita para viverem uma existência imaculada  e uma fé inabalável na vida futura: a vida após a morte.

Os mistérios menores, segundo Dudley Wright, (veja o livro “Os Ritos e Mistérios de Eleusis”) significavam a condução da alma enquanto ela fosse subserviente ao corpo. Seria o estudo dos valores que alma deveria buscar na condição de psiquê encarnada.

Já os Grandes Mistérios elevavam a alma para a consciência do que ela seria uma vez estando liberta do corpo.

Plutarco escreveu:

 “Morrer é ser iniciado nos Grandes Mistérios. Toda nossa vida nada mais é do que uma sucessão de erros,  de peregrinações dolorosas  e de longas jornadas por tortuosos caminhos sem saída. No momento de deixar essa vida, os medos, os terrores, os tremores, suores mortais e o estupor letárgico surgem e nos sobrepujam. Mas, assim que abandonamos essa existência, passamos para os campos prazerosos, onde o mais puro ar é respirado, onde os concertos sagrados e discursos são ouvidos, onde somos impressionados com as visões celestiais.  É lá onde o homem, tendo se tornado perfeito através de sua iniciação, restituído à sua liberdade, torna-se verdadeiramente mestre de si próprio, celebra, coroado por murta, os mistérios mais importantes, comunica-se somente com as almas puras e justas e vê com desprezo a multidão impura de profanos e não iniciados, mergulhando no lodo e na profunda escuridão.”

Que coisa assombrosa! Iluminado pela espiritualidade, numa posição quase mediúnica, um grego antigo nos dá uma visão muito próxima da imagem que os Espíritos divulgam da vida após a morte, conforme vemos no “Livro dos Espíritos”, embora se equivoque  ao usar a palavra "desprezo", pois a caridade,  o amor e a compaixão são os baluartes dos espíritos verdadeiramente puros.
O Espírita  não vê com desprezo os irmãos que ainda estão mergulhados na escuridão da ignorância, mas lhes estende as mãos caridosas, para elevar a caridade e a compaixão  como   as mais beneméritas formas de amar ao próximo. Porém, a descrição de Plutarco é encantadora,  pois, a despeito dessa segregação entre puros e impuros impregnada de "desprezo",  muito se aproxima do mundo espiritual que o nosso mentor André Luis  nos permite vislumbrar em seus livros, psicografados por Chico Xavier. Infelizmente, faltou a Plutarco compreensão moral para vislumbrar que os espíritos evoluídos o são em virtude da capacidade deles  em amar os irmãos que ainda caminham mais atrás na longa estrada evolutiva...
Os Mistérios de Eleusis tinham por missão mostrar aos iniciados como um homem, ao morrer, se tornava digno de chegar ao mundo celestial.

A "Lei do Progresso", em lugar da eternidade de um único estado moral da alma, foi por esses Mistérios  ensinada.

Nesse ponto do "post", se faz necessária uma explicação mais minuciosa dos Mistérios.  Eles giravam em torno do mito de Démeter, deusa da colheita e de sua filha Prosérpina, que foi seqüestrada pelo deus Plutão, senhor do Hades. Para entendermos o conteúdo moral e espiritualista  dos rituais, precisamos  nos enveredar um pouco mais por esse mito ou parábola...


Démeter, ao ter sua filha seqüestrada, vagou a procura da filha até que, auxiliada por Hélio, o deus sol, soube ser Plutão autor desse ato aparentemente vil.  Então saiu do Olimpo e desceu à Terra, disfarçada como uma anciã, para procurar sua filha, vivendo uma série de desventuras como mãe desesperada.

Deméter é a deusa da natureza e exuberância agrícola. Na sua dor de mãe, fez a terra se tornar árida e estéril.As sementes não germinavam.

Zeus, o senhor dos deuses, pediu a Hermes, o deus mensageiro, que ordenasse a Plutão a restituição de Prosérpina à mãe.

Plutão teve que obedecer a Zeus, mas fez com que sua amada comesse antes de partir do Hades quatro sementes de Romã.




Prosérpina saiu do mundo dos mortos e voltou aos braços da saudosa mãe. Todavia, por ter comido as sementes de Romã, ela não poderia voltar eternamente ao Olimpo. Plutão exigiu que a garota-deusa, Prosérpina, ficasse quatro meses do ano com ele, um mês para cada semente ingerida. O tempo restante do ano, ela ficaria com a mãe.

E o acordo entre os dois deuses, a mãe zelosa e o marido apaixonado, foi selado. Perséfone se tornou a senhora do Hades e ficaria por lá quatro meses por ano.

O culto a esse mito tem um teor imediato que é simbolizar metaforicamente  o ciclo da natureza. 

        Quatro meses por ano, quando  a filha de Démeter desce ao Hades, a natureza da Terra fenece, mas fica latente nela o gérmen da vida, vida essa que continua mesmo sob a morte aparente da natureza. Na chegada da Primavera, quando Prosérpina retorna para a mãe, regressando dos mortos, a vida floresce em seu total esplendor.

Por trás dessa parábola ou mito há um enfoque mais elevado: ao abstrairmos o sentido do ciclo da natureza, atingimos o próprio ciclo da alma em seu estado encarnado e desencarnado. A morte é apenas uma ilusão e a vida ressurge a cada novo período.

O poeta Orpheu descreve Perséfone como “a vida e a morte dos mortais”.  O mito é uma alegoria da alma estando na vida encarnada e  depois na morte apenas  aparente, sob o estado de alma livre, desencarnada, tal como a doutrina espírita, e outras religiões reencarnacionistas,  ensinam.

Filolau, um conhecido Pitagórico, descreveu: 


“Os teólogos antigos e sacerdotes testemunham que a alma é unificada com o corpo com o intuito de castigo sofredor, e que ela está encerrada no corpo como em uma sepultura”. 

 Os cultos elêuticos pretendiam mostrar a felicidade da alma pura em mundos superiores, que estariam livres da contaminação da natureza material e imperfeita.

Não é essa a boa nova que trouxeram os bons Espíritos aos nossos dias com a codificação feita por Kardec?

Não acredito que antes da vinda do Messias, os espíritos se mantinham calados na sua missão de propagar a Verdade. Aliás, a atuação dos espíritos  paralelamente à evolução da consciência humana é primorosamente ensinada por Herculano Pires em seu livro "O Espírito e o Tempo".

Deus, soberanamente  bom e justo, não daria aos seus filhos, mesmo àqueles mais simples,que tinham a visão equivocada de múltiplos deuses, os germes da Eternidade da Alma e da sua necessidade de progresso moral?

As vozes dos Oráculos, como a do famoso Oráculo de Delfos, mais do que uma conotação de magia e supertição, traz a nós o fato de que os espíritos já procuravam os médiuns de outras épocas, lhes falando por metáforas ainda mais herméticas  do que as utilizadas pelo Cristo em suas parábolas.

Mas a essência da vida espiritual estava presente para aqueles que soubessem ouvir e sentir.

Vejam a seguir o juramento de  um iniciado de terceiro grau dos Mistérios:

“Então, que o céu me ajude, a obra de Deus que é superior e sábia: que a palavra do Pai me ajude, palavra que Ele proferiu quando estabeleceu todo o Universo em sua sabedoria”.

Essa prece de iniciação é muito próxima à idéia espírita de um deus único e onisciente, criador do Universo.

Segundo alguns autores, os iniciados do terceiro grau dos Mistérios tinham por ensinamento que os deuses e deusas eram somente mortais que, quando vivos, estavam expostos às mesmas paixões e fraquezas de todos os homens.

Não é isso que nós aprendemos hoje  sobre os espíritos ? Que não foram criados em castas de anjos, homens e demônios, mas sim, que foram criados simples e ignorantes na condição de aprendizes e experimentadores evoluindo rumo à  perfeição! 

Dessa forma, não seriam os deuses, além de arquétipos de comportamento da alma humana, também uma metáfora para ensinar aos antigos a "Lei  do Progresso" e explicar a eles que homens poderiam  se tornar espíritos elevados?


Os iniciados nos Mistérios eram levados a considerar que havia uma Causa Suprema. Havia, desse modo, o princípio criador do Universo, impregnando todas as coisas com Sua Virtude e governando todas as coisas como Seu poder.

Não é maravilhoso perceber que há mais de 2400 anos, bem antes do Messias, havia os ensinamentos de um Deus único, de alma encarnada e desencarnada e penas não eternas para o espírito ? Tudo isso já fervia nos corações de muitos.

Mystes, segundo os gregos, é aquele que vê as coisas disfarçadas e Epopt é aquele que vê as coisas como elas são, sem disfarces.

Depois de passarem pelo cerimonial de exaltação, os iniciados dos Mistérios de Eleusis passavam de um estado para outro. Recebiam a “visão completa”.

Diz-se que o sigilo forçado em relação aos Mistérios era para ocultar do não iniciado, o grego comum, sem preparo intelectual, o fato de que os deuses haviam sido mortais um dia, pois temiam que essa verdade lhe abalasse a fé ainda bruta.

A divulgação da boa nova de que Deus era Único era considerada um sacrilégio. O conhecimento da Vida Eterna dos homens e do Progresso moral das almas era um privilégio para poucos.

Abençoado o Cristo que veio tirar o véu da obscuridade dos homens. Abençoada seja a doutrina Espírita que rompeu os grilhões da Verdade divulgada apenas para uma minoria do mundo antigo. A Doutrina espírita ,como sabemos hoje,  deu ao Cristianismo a sua forma atual para uma  continuidade sadia e amorosa do progresso moral da humanidade.

Para finalizar o "post" deixo aqui o que Píndaro disse dos Mistérios: 

“Feliz  é aquele que viu essas coisas antes de deixar esse mundo: ele percebe o começo e o final da vida, conforme o ordenado por Zeus.”






quinta-feira, 20 de agosto de 2015

SÓCRATES E PLATÃO: PRECURSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA

            

            É sabido que Kardec expôs os antigos gregos, notadamente Sócrates e Platão, como precursores da doutrina Cristã e do Espiritismo (Veja “O Evangelho Segundo o Espiritismo, Indrodução, pág. 32 e seguintes).

            Longe de querer plagiá-lo ou de querer ser redundante, resolvi me enveredar um pouco mais nesse tema, olhando mais de perto a influência desses filósofos no Espiritismo.

            Entre algumas leituras dos textos de Platão encontrei, como  Kardec, claras alusões ao Espiritismo, tal como essa doutrina é, nos dias de hoje, disseminada pelas falanges espíritas, suaves brisas espalhando sementes fecundas por toda a Terra.

            Um desses textos, a obra “Cratylos”, tem como enfoque filosofar sobre a essência da nomenclatura de seres e objetos, não apenas sob o prisma da etimologia, mas também sob a ótica de ser essa nomenclatura uma ferramenta investigativa da essência desses mesmos seres e objetos. Essa  obra é uma conversa entre Hermógenes, Sócrates e Cratylus, reproduzida por Platão.

 A certa altura, essas discussões sobre a semântica que traz a verdade essencial de cada ser existente esbarram nas discussões sobre a alma e sua significação.

Traduzi aqui, do inglês, trechos dessa obra, porque eles expressam, por si mesmos, conclusões muito interessantes sobre o valor espírita que carregam.




Sóc.: (Referindo-se a uma obra de Heríodo) Você se lembra do que ele (Heríodo) fala sobre uma raça de homens de ouro que vieram (à Terra) primeiro?

Her.:Sim, me lembro.

Soc.: Ele diz:

“Mas agora o destino se fechou sobre essa raça
Eles são os DEMONS (sábios/gênios/ESPÍRITOS) sobre a Terra.
Caritativos, livre de doenças, guardiões dos homens mortais.”


Ao ler esse pequeno trecho do verso de Heríodo, não temos a imediata ideia dos espíritos benfeitores a cuidar dos homens encarnados?





E o texto  Cratylus continua:




Her.: Qual a conclusão?

Soc.; Qual a conclusão? Eu suponho que ele (Heríodo) tenha dado a “homens de ouro” não o significado literal de ser feito de ouro, mas sim, de serem criaturas boas e nobres e eu estou convicto disso porque, mais adiante, ele diz que são uma raça de ferro.´


Heríodo, como podemos perceber no texto, poderia muito bem ter dado o sentido metafórico de LUZ para a palavra OURO.

Her.: É verdade.

Soc.: E você não acha que “homens de ouro” em nossos dias seria descrito por ele como “raça de ouro”?



Nesse trecho, Platão abstrai o sentido de Heríodo, ampliando-o e  elevando a palavra “homem” para uma espécie acima dos homens mortais. Seria uma categoria superior, os “espíritos elevados”,como bem podemos perceber nas linhas seguintes:


Her.: Verdade.

Logo: Homens de ouro = ESPÍRITOS DE LUZ!


Soc.: E o que é bom não é (igualmente) sábio?

Her.: Sim, é.

Soc.: Então eu tenho inteira convicção de que ele (Heríodo) os chamou de “Demons” porque  eles eram “Daemones” (conhecedores ou sábios na língua grega) e em nosso velho dialeto essa palavra aparece. Ele e outros poetas dizem, verdadeiramente, que quando um homem bom morre, ele recebe honra e reconhecimento entre os mortos, e se torna um “demon”, que é o nome dado a ele devido a sua significante sabedoria.
E eu digo isso também, porque todo homem sábio que acontece de ser um homem bom é mais do que humano (daimonion), não apenas na vida, mas também na morte, e ele é corretamente chamado de “Demon” (Sábio, e posteriormente como bem disse Kardec, espírito de modo em  geral).




Mais do que corroborar com a explicação de Allan Kardec para a palavra “Demon” (Veja o Evangelho Segundo o Espiritismo pág 35), que era a denominação dada pelos gregos aos espíritos, esse trecho de “Cratylos” afirma que é essa uma palavra atribuída aos espíritos sábios e bons, devido à ilibada qualidade moral dos mesmos. Como se vê, essa palavra não tem a menor ligação com o sentido que ela assumiu , diante da visão dos católicos da idade média, de que “Demons”, os demônios,  seriam espíritos criados na sua origem pelo diabo e essencialmente maus.

O trecho transcrito acima afirma categoricamente, ainda, que há a vida após a morte, ao estender a qualidade de ser bom e sábio para o além túmulo.





Mais adiante, o texto analisa  a origem da palavra “Psique” (alma) e Soma (“Corpo”).




Soc.: Quando a alma  está no corpo ela é a fonte da vida e dá (a ele) o poder de respirar e reviver (anapsichon) e quando seus poderes de reviver falham, o corpo padece e morre, então, se eu não estiver enganado, a alma é chamada “Psique”.



Aqui, como podemos notar, a alma assume dois estados: a de estar unida ao corpo, como sua força motriz, e como a descrita pelo “Livro dos Espíritos”, como sendo livre do corpo, chamada então de “Psique”. Platão fala da alma como sendo algo pré-existente, anterior ao corpo e que pode estar, ou não, unida ao Soma (corpo).

Mais adiante:




Her.: Mas o que nós dizemos da próxima palavra?

Soc.: Você quer dizer Soma (corpo)?

Her.: Sim.

Soc.: Isso pode ser interpretado de maneira variada, e ainda mais variavelmente se uma troca de letras for permitida. (O texto se refere à troca da palavra SOMA por SEMA).

Soc.: Por alguns, é dito que o corpo é o túmulo (Sema) da alma que pensam enterrar em nossa vida presente. Diz-se como sendo o index da alma, porque a alma dá indicações (SEMAinei) ao corpo.


Provavelmente, os poemas de Orpheu foram os inventores desse nome, porque eles estão sob a crença de que a alma está sofrendo (no corpo) as punições pelos seus pecados e de que o corpo é uma clausura ou prisão, na qual a alma é encarcerada, mantida segura ( soma / sozetai), como o nome  “ooma” implica, até que a penalidade  seja paga. De acordo com essa visão, nem uma única letra (de Soma) precisa ser modificada para se exprimir o total sentido do seu significado.


Nesse trecho, Platão consagra a visão de Orpheu para o corpo (Soma).

 Como a Doutrina Espírita propaga, o corpo  é um veículo ou ferramenta para o espírito expiar dívidas de vidas anteriores e para evoluir de acordo com a "Lei do Progresso". Sob esse enfoque, a teoria das Penas Eternas”, apregoada por algumas religiões, aqui não encontra espaço, uma vez  que fica claro existir a penalidade de enclausuramento no Soma  apenas em caráter temporário, até que  a divida espiritual seja paga.

Aliás, o próprio Cristo derruba a teoria das “Penas Eternas”, quando diz:




“ Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao teu ministro e seja posto em prisão. Em verdade te digo, dali não sairás antes de teres pago o último centavo”.
                                                                                           (Mateus 5. 6  - 25 e 26)



            As almas desencarnadas, maculadas por rixas cheias de ódio, se prendem em grilhões "cármicos" e recebem, de acordo com suas obras e intenções, a sentença do “grande Juiz”, Deus. Porém fica claro na citação do Messias que nenhuma dívida é eterna e que o espírito, uma vez que tenha expiado suas imperfeições,e aprendido com elas,  está perdoado e liberto. Como o preso que sai do seu cárcere, ele não precisa mais encarnar. Já pagou sua dívida “até o último centavo”.


Como se vê, os gregos  já debatiam vários conceitos que foram abordados no Livros dos Espíritos e essa breve análise nossa, além de trazer à luz a beleza do Espiritismo, realça o aspecto filosófico contido no seu tríplice aspecto de ciência, doutrina e religião.


Até o próximo "post", quando falarei um pouco sobre OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS.