sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A ALMA DOS ANIMAIS E VIDA APÓS MORTE DAS ESPÉCIES

 "Os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando, agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.

        Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência.

        Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de maliar os órgãos do aparelho psicosomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente.

        Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se fluam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução."

               Evolução Entre Dois Mundos -Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira- 
André Luiz -Página 87- (Uberaba, 9 de Março de 1958) 










Fascinante como com tão poucas palavras, André Luiz, na psicografia de Chico Xavier e de Waldo Vieira, nos traz uma enorme quantidade de informações que levantam o véu dos mistérios que cercam a questão da alma dos animais...
Para melhor nos aprofundarmos nos riquíssimos detalhes que o trecho acima nos revela, analisaremos cada parágrafo para capturarmos os desdobramentos que essas revelações têm em seu bojo:


"Os mamíferos que se ligam a nós outros por extremos laços de parentesco..."


Francisco de Assis já sabia o que muitos se recusam a enxergar: somos todos irmãos, homens e animais... Os animais são nossos companheiros na jornada evolutiva e vão ter, um dia, o mesmo destino espiritual que nós teremos. Têm um principio inteligente que paulatinamente progride rumo ao pensamento contínuo e à obtenção do "diploma" de espírito. Têm  psiquês, embora ainda embrionárias, que caminham para o reino hominal. As espécies mais evoluídas possuem instintos, sentimentos, memória fragmentada  e inteligência e evoluem gradativamente, por meio de  contínuos estímulos causados pelas sucessivas reencarnações. Irão conquistar a consciência de si próprios!

Um dos momentos mais emocionantes pelo qual passei foi quando minha gata, Isis, morria devido a uma doença fatal, a aids felina. Meu filho, para despedir-se dela, segurou-a no colo com imenso amor e disse em seu ouvido o seguinte:

"Minha linda... Vá tranquila e siga seu caminho... Deus vai permitir  que eu a acompanhe um dia, quando já mais ao longe, no céu, você se estiver se preparando para  voltar e se tornar uma  menininha... Eu estarei lá para guiá-la... Eu prometo!"

Impressionantes a intuição e a fé do meu filho que, sem ter lido os livros espíritas, tinha em seu coração a verdade propagada pelas hostes do Consolador!






"...os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados à manutenção de nova forma.

        Encontram-se, desse modo, aquém da histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes asseguraria ascensão a novo plano de consciência..."



No mesmo livro, Evolução Entre Dois Mundos, André Luiz nos ensina que  o tesouro da consciência nasce pelo pensamento contínuo...



"...O continuísmo da ideia consciente acende a luz da memória sobre o pedestal do automatismo... as ideias relâmpagos ou as ideias fragmentos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias de alentada substância íntima..."



Como se vê, aos poucos, a energia mental agrega em si complexidade e atributos devido aos estímulos das sucessivas encarnações...

Os animais inferiores, ainda em faixas evolutivas primitivas, não possuem pensamento contínuo em um grau que lhes permita manter o perispírito na erraticidade. Por isso, não são capazes ainda de praticarem a histogênese espiritual.

A histogênese é o processo de desligamento do perispírito no momento da morte e a conservação do mesmo no mundo espiritual. É pela histogênese que os orgãos "sutis" vão recompor o perispírito para que este seja o veículo  condutor do espírito que, após a morte, entra em nova dimensão.  



"...Em razão disso, efetuada a histólise dos tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras espécies(Percebam: há especies que conseguem fazer a histólise espiritual,e, graças a isso, vão poder habitar a erraticidade!)se demoram por tempo curto, incapazes de maliar os órgãos do aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância mental consciente..."



Como foi magistralmente explicado por André Luiz, os animais mais primitivos, após a morte, quando há a separação do corpo e do princípio inteligente, ainda não são capazes de  manter o perispírito e, por isso, ficam pouco tempo na erraticidade. 

Por não terem substância mental consciente, não passam pela metamorfose que lhes daria uma existência extra corpórea. Ainda lhes falta o casulo que lhes permitiria abrir as asas diáfanas da espiritualidade consciente. E,por isso, entram num "torpor", num tipo de "hibernação" e logo são reconduzido à reencarnação para a continuidade da sua evolução rumo à imortalidade.



"...Quando não se fazem aproveitados na Espiritualidade, em serviço ao qual se fluam durante certa quota de tempo, caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia, semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se confiarão a nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço hipotecável aos valores decisivos da evolução..."






Há diversos relatos psicografados sobre cidades espirituais e animais existentes por  lá. São muitos animais, geralmente mamíferos ( gatos, macacos,cães, cavalos...) utilizados como  companheiros para  missões de resgates no "Umbral", como "anjos" que alegram os espíritos do além, exatamente como os animais já fazem aqui na Terra... 

Um aparte:  na  Cabala a palavra "anjo" é usada para designar as criaturas pertencentes ao reino animal...

Logo, podemos deduzir corretamente o seguinte: os animais que já galgaram um pouco mais a escada evolutiva têm a capacidade de se manterem  individualizados na erraticidade. 

Talvez com  doação energética dos espíritos,são eles, os animais, capazes de condensarem e formarem  o perispírito e manterem os centros de força (chakras) no "além", embora saibamos que não têm a mesma complexidade do " psicosoma" dos espíritos  desencarnados.

 Vi outro dia uma interessante reportagem na TV Mundo Maior onde alguns medium já defendem a liberação de passes para os animais doentes... Antes, muitos diziam que o passes não eram adequados para os animais por terem eles uma "energia" muito diferente, da nossa,mas parece que esse conceito está mudando...

Link para a reportagem da TV Mundo Maior:


https://youtu.be/WY3d1nod4pI

Deixo aqui também o link da  palestra da veterinária Irvênia  Prada:

https://youtu.be/54Sf2Qg8CiE


                               Até o próximo "post"! 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS


“Longa foi tua busca
pela adorada Perséfone, tu não quebraste
teu jejum pesaroso, até que longínqua Eleusis
recebeu-te errante”

                                                      Hino de Orpheu.



Umas das crenças antigas mais fascinantes  são  os mistérios elêuticos. Os gregos davam extrema  importância à iniciação nos mistérios e os rituais , ministrados somente aos chamados “iniciados”, se dividiam, de modo geral, em pequenos e grandes mistérios.

O exato teor ritualístico dos mistérios era mantido em segredo, mas sabe-se que os gregos atribuíam grande valor às vantagens da iniciação.

Os “iniciados” eram colocados sob proteção do Estado Grego porque o conhecimento dos Mistérios auxiliava na boa vontade entre os homens e protegia os iniciados contra a decadência moral, fornecendo meios para que os homens alcançassem a virtude perfeita para viverem uma existência imaculada  e uma fé inabalável na vida futura: a vida após a morte.

Os mistérios menores, segundo Dudley Wright, (veja o livro “Os Ritos e Mistérios de Eleusis”) significavam a condução da alma enquanto ela fosse subserviente ao corpo. Seria o estudo dos valores que alma deveria buscar na condição de psiquê encarnada.

Já os Grandes Mistérios elevavam a alma para a consciência do que ela seria uma vez estando liberta do corpo.

Plutarco escreveu:

 “Morrer é ser iniciado nos Grandes Mistérios. Toda nossa vida nada mais é do que uma sucessão de erros,  de peregrinações dolorosas  e de longas jornadas por tortuosos caminhos sem saída. No momento de deixar essa vida, os medos, os terrores, os tremores, suores mortais e o estupor letárgico surgem e nos sobrepujam. Mas, assim que abandonamos essa existência, passamos para os campos prazerosos, onde o mais puro ar é respirado, onde os concertos sagrados e discursos são ouvidos, onde somos impressionados com as visões celestiais.  É lá onde o homem, tendo se tornado perfeito através de sua iniciação, restituído à sua liberdade, torna-se verdadeiramente mestre de si próprio, celebra, coroado por murta, os mistérios mais importantes, comunica-se somente com as almas puras e justas e vê com desprezo a multidão impura de profanos e não iniciados, mergulhando no lodo e na profunda escuridão.”

Que coisa assombrosa! Iluminado pela espiritualidade, numa posição quase mediúnica, um grego antigo nos dá uma visão muito próxima da imagem que os Espíritos divulgam da vida após a morte, conforme vemos no “Livro dos Espíritos”, embora se equivoque  ao usar a palavra "desprezo", pois a caridade,  o amor e a compaixão são os baluartes dos espíritos verdadeiramente puros.
O Espírita  não vê com desprezo os irmãos que ainda estão mergulhados na escuridão da ignorância, mas lhes estende as mãos caridosas, para elevar a caridade e a compaixão  como   as mais beneméritas formas de amar ao próximo. Porém, a descrição de Plutarco é encantadora,  pois, a despeito dessa segregação entre puros e impuros impregnada de "desprezo",  muito se aproxima do mundo espiritual que o nosso mentor André Luis  nos permite vislumbrar em seus livros, psicografados por Chico Xavier. Infelizmente, faltou a Plutarco compreensão moral para vislumbrar que os espíritos evoluídos o são em virtude da capacidade deles  em amar os irmãos que ainda caminham mais atrás na longa estrada evolutiva...
Os Mistérios de Eleusis tinham por missão mostrar aos iniciados como um homem, ao morrer, se tornava digno de chegar ao mundo celestial.

A "Lei do Progresso", em lugar da eternidade de um único estado moral da alma, foi por esses Mistérios  ensinada.

Nesse ponto do "post", se faz necessária uma explicação mais minuciosa dos Mistérios.  Eles giravam em torno do mito de Démeter, deusa da colheita e de sua filha Prosérpina, que foi seqüestrada pelo deus Plutão, senhor do Hades. Para entendermos o conteúdo moral e espiritualista  dos rituais, precisamos  nos enveredar um pouco mais por esse mito ou parábola...


Démeter, ao ter sua filha seqüestrada, vagou a procura da filha até que, auxiliada por Hélio, o deus sol, soube ser Plutão autor desse ato aparentemente vil.  Então saiu do Olimpo e desceu à Terra, disfarçada como uma anciã, para procurar sua filha, vivendo uma série de desventuras como mãe desesperada.

Deméter é a deusa da natureza e exuberância agrícola. Na sua dor de mãe, fez a terra se tornar árida e estéril.As sementes não germinavam.

Zeus, o senhor dos deuses, pediu a Hermes, o deus mensageiro, que ordenasse a Plutão a restituição de Prosérpina à mãe.

Plutão teve que obedecer a Zeus, mas fez com que sua amada comesse antes de partir do Hades quatro sementes de Romã.




Prosérpina saiu do mundo dos mortos e voltou aos braços da saudosa mãe. Todavia, por ter comido as sementes de Romã, ela não poderia voltar eternamente ao Olimpo. Plutão exigiu que a garota-deusa, Prosérpina, ficasse quatro meses do ano com ele, um mês para cada semente ingerida. O tempo restante do ano, ela ficaria com a mãe.

E o acordo entre os dois deuses, a mãe zelosa e o marido apaixonado, foi selado. Perséfone se tornou a senhora do Hades e ficaria por lá quatro meses por ano.

O culto a esse mito tem um teor imediato que é simbolizar metaforicamente  o ciclo da natureza. 

        Quatro meses por ano, quando  a filha de Démeter desce ao Hades, a natureza da Terra fenece, mas fica latente nela o gérmen da vida, vida essa que continua mesmo sob a morte aparente da natureza. Na chegada da Primavera, quando Prosérpina retorna para a mãe, regressando dos mortos, a vida floresce em seu total esplendor.

Por trás dessa parábola ou mito há um enfoque mais elevado: ao abstrairmos o sentido do ciclo da natureza, atingimos o próprio ciclo da alma em seu estado encarnado e desencarnado. A morte é apenas uma ilusão e a vida ressurge a cada novo período.

O poeta Orpheu descreve Perséfone como “a vida e a morte dos mortais”.  O mito é uma alegoria da alma estando na vida encarnada e  depois na morte apenas  aparente, sob o estado de alma livre, desencarnada, tal como a doutrina espírita, e outras religiões reencarnacionistas,  ensinam.

Filolau, um conhecido Pitagórico, descreveu: 


“Os teólogos antigos e sacerdotes testemunham que a alma é unificada com o corpo com o intuito de castigo sofredor, e que ela está encerrada no corpo como em uma sepultura”. 

 Os cultos elêuticos pretendiam mostrar a felicidade da alma pura em mundos superiores, que estariam livres da contaminação da natureza material e imperfeita.

Não é essa a boa nova que trouxeram os bons Espíritos aos nossos dias com a codificação feita por Kardec?

Não acredito que antes da vinda do Messias, os espíritos se mantinham calados na sua missão de propagar a Verdade. Aliás, a atuação dos espíritos  paralelamente à evolução da consciência humana é primorosamente ensinada por Herculano Pires em seu livro "O Espírito e o Tempo".

Deus, soberanamente  bom e justo, não daria aos seus filhos, mesmo àqueles mais simples,que tinham a visão equivocada de múltiplos deuses, os germes da Eternidade da Alma e da sua necessidade de progresso moral?

As vozes dos Oráculos, como a do famoso Oráculo de Delfos, mais do que uma conotação de magia e supertição, traz a nós o fato de que os espíritos já procuravam os médiuns de outras épocas, lhes falando por metáforas ainda mais herméticas  do que as utilizadas pelo Cristo em suas parábolas.

Mas a essência da vida espiritual estava presente para aqueles que soubessem ouvir e sentir.

Vejam a seguir o juramento de  um iniciado de terceiro grau dos Mistérios:

“Então, que o céu me ajude, a obra de Deus que é superior e sábia: que a palavra do Pai me ajude, palavra que Ele proferiu quando estabeleceu todo o Universo em sua sabedoria”.

Essa prece de iniciação é muito próxima à idéia espírita de um deus único e onisciente, criador do Universo.

Segundo alguns autores, os iniciados do terceiro grau dos Mistérios tinham por ensinamento que os deuses e deusas eram somente mortais que, quando vivos, estavam expostos às mesmas paixões e fraquezas de todos os homens.

Não é isso que nós aprendemos hoje  sobre os espíritos ? Que não foram criados em castas de anjos, homens e demônios, mas sim, que foram criados simples e ignorantes na condição de aprendizes e experimentadores evoluindo rumo à  perfeição! 

Dessa forma, não seriam os deuses, além de arquétipos de comportamento da alma humana, também uma metáfora para ensinar aos antigos a "Lei  do Progresso" e explicar a eles que homens poderiam  se tornar espíritos elevados?


Os iniciados nos Mistérios eram levados a considerar que havia uma Causa Suprema. Havia, desse modo, o princípio criador do Universo, impregnando todas as coisas com Sua Virtude e governando todas as coisas como Seu poder.

Não é maravilhoso perceber que há mais de 2400 anos, bem antes do Messias, havia os ensinamentos de um Deus único, de alma encarnada e desencarnada e penas não eternas para o espírito ? Tudo isso já fervia nos corações de muitos.

Mystes, segundo os gregos, é aquele que vê as coisas disfarçadas e Epopt é aquele que vê as coisas como elas são, sem disfarces.

Depois de passarem pelo cerimonial de exaltação, os iniciados dos Mistérios de Eleusis passavam de um estado para outro. Recebiam a “visão completa”.

Diz-se que o sigilo forçado em relação aos Mistérios era para ocultar do não iniciado, o grego comum, sem preparo intelectual, o fato de que os deuses haviam sido mortais um dia, pois temiam que essa verdade lhe abalasse a fé ainda bruta.

A divulgação da boa nova de que Deus era Único era considerada um sacrilégio. O conhecimento da Vida Eterna dos homens e do Progresso moral das almas era um privilégio para poucos.

Abençoado o Cristo que veio tirar o véu da obscuridade dos homens. Abençoada seja a doutrina Espírita que rompeu os grilhões da Verdade divulgada apenas para uma minoria do mundo antigo. A Doutrina espírita ,como sabemos hoje,  deu ao Cristianismo a sua forma atual para uma  continuidade sadia e amorosa do progresso moral da humanidade.

Para finalizar o "post" deixo aqui o que Píndaro disse dos Mistérios: 

“Feliz  é aquele que viu essas coisas antes de deixar esse mundo: ele percebe o começo e o final da vida, conforme o ordenado por Zeus.”